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O mensalão, o apagão e o estranho R$ 1 milhão: as “coincidências” do PT

Por Milton Corrêa da Costa

Definitivamente o Partido dos Trabalhadores (PT), tido em prosa e verso, tempos atrás, com partido político inatacável, baluarte dos princípios da ética e da moralidade pública, da defesa ideológica da justiça social, de onde se esperava a correção de atitudes e a solução de todos os problemas nacionais, encontra-se hoje, como partido de situação na direção do país, em xeque perante à opinião pública brasileira.

Algumas de suas figuras de maior proeminência não eram tão éticos e incorruptíveis assim. Que o diga o processo do mensalão, o maior crime praticado contra a fé do povo brasileiro, um crime de traição ao país, num perfeito conluio entre agentes públicos e privados na obtenção da vantagem ilícita e no desvio intencional do dinheiro público. José Dirceu (acusado de mandante do esquema) e José Genoíno, ideólogos da esquerda e da luta armada, nos idos de 60 e 70, já foram condenados por corrupção ativa por três ministros do Supremo Tribunal Federal. Aguarda-se agora a decisão dos demais ministros.

Para os magistrados Joaquim Barbosa, Rosa Weber e Luiz Fux ficou evidenciado que Delúbio Soares não poderia ter agido sozinho. No cardume havia peixes grandes por trás do grave crime de compra e venda de votos no parlamento. O ministro Luiz Fux, ao afirmar a convicção de seu voto disse: “È inimaginável que esses acordos (da direção petista com os dirigentes dos partidos aliados) eram só políticos”. Resta saber agora quem vai de fato para a cadeia. O povo e os trabalhadores brasileiros aguardam ansiosamente o desfecho do julgamento da ousada e cínica quadrilha de assaltantes dos cofres públicos.

Concomitante ao vergonhoso caso mensalão ocorre, em menos de duas semanas, o terceiro apagão, “apaguinho” como dizem os petistas, para não confundir com a gestão FHC e se colocarem isentos da expolração político-partidária. Somente este ano já ocorreram 32 apagões acima de 100 MW. Cerca de 15 horas após um apagão que deixou às escuras, por até meia hora, diversos pontos de quatro regiões do país, na noite de 03/10, um blecaute atingiu 70% do Distrito Federal por pelos menos duas horas nesta quinta-feira. Até acidentes de trânsito ocorreram nos apagões dos sinais de Brasília. Graças a um gerador próprio o STF pode prosseguir o julgamento dos quadrilheiros. Menos mal. A conclusão a que se chega é que a herança do setor energético do governo passado não era tão bem vinda assim. Será tudo coincidência de panes, acidentes inevitáveis, falta de supervisão eficiente no sistema ou mesmo falta de investimentos no setor como dizem os analistas?

Para completar o amargor do Partido dos Trabalhadores, coincidentemente às vésperas das eleiçoes municipais do próximo domingo, os jornais noticiam que mais de R$ 1 milhão foram apreendidos pela Justiça Eleitoral no interior de um jatinho, na última terça-feira, em Parauapebas, no Pará, que seriam entregues à coordenação de campanha do candidato do PT à prefeitura do município. A Polícia Federal investiga agora se o dinheiro se destinava ou não à compra de votos.

Ou seja, a estrela solitária do Partido dos Trabalhadores jã não brilha tanto como dantes. Algumas vestais do antigo e ferrenho partido de oposição não eram tão vestais assim, a ponto de combater os dólares na cueca, os acordos políticos mafiosos e o assalto ao dinheiro público, nem tampouco tão competentes para prever o incômodo dos “apaguinhos”. Profundamente lamentável. O PT parece que não sabia de nada. Um marido eternamente traído.

Milton Corrêa da Costa é cidadão brasileiro e aguarda ansiosamente o fim do julgamento do mensalão

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