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Em Caxias, fogo destrói casas e deixa um cenário desolador

“Perdi Tudo. Foi tudo muito ligeiro. Fiquei sem palavras diante do que vi. O fogo veio rápido, trazido pelo vento, devorando tudo o que tinha pela frente”, declarou desolado e ainda abalado emocionalmente, Luís Borges da Silva, lavrador, 57 anos, morador há 18 anos do Povoado Bom Jardim, localizado a 24 Km de Caxias, um dos mais atingidos pelas queimadas, dia 11 de outubro último, por volta das 14h30, com 11 casas transformadas em cinzas.

Luís Borges morava na casa, construída de adobe e coberta de palha, com sua mulher e três filhos, além de perder todos os móveis e eletrodomésticos que possuía, teve também destruído pelo fogo mais de 100 litros de feijão, sacos de arroz e de farinha, que estavam armazenados para o consumo. “Não sei como vai ser. Está nas mãos de Deus. Temos recebido ajuda de muitas pessoas. Espero que o Governo nos ajude”, afirmou.

O povoado Floresta, distante 18 km de Caxias, com 7 casas destruídas, também foi vítima do incêndio que aconteceu, no dia 11 de outubro, em várias localidades de Caxias. “Aqui, o fogo chegou por volta das 3h da tarde. Entrei em pânico, pois moram comigo dois idosos, meu sogro e minha sogra, respectivamente, com 85 e 91 anos. Sendo que ela sofre de Alzheimer e ele sofreu um AVC, e não anda mais. O fogo destruiu minha cozinha e a casa de farinha, que eram cobertas de palha, com tudo que tinha dentro”, declarou, Leonice Oliveira da Costa, 52 anos, lavradora, ainda um pouco rouca devido à fumaça que engoliu.

CAUSAS DA TRAGÉDIA

Segundo o Comandante do 5º Batalhão de Bombeiros Militar de Caxias, Major Harrison Mouzinho, as causas das queimadas são de ordem climática, vegetacional, edáfica (relacionada ao solo) e cultural. “Acreditamos que a causa do fogo que originou essa tragédia no povoado Bom Jardim) foi a ação humana, ou seja, é produto da queima de roça que, tradicionalmente, acontece na região, e que é uma prática secular dos nossos agricultores”, argumentou.

O comandante Harrison disse que, nesta época do ano, tradicionalmente acontecem queimadas nessa região, mas na dimensão das que estão acontecendo agora é a primeira vez. “Agora temos uma combinação de fatores, quais sejam, o longo período de seca, a queima de roças, e o tipo de vegetação e de solo da região. Por isso estamos tendo tantas queimadas, que obedecem ao princípio da irradiação do calor”, esclareceu,

SITUAÇÃO DAS FAMÍLIAS

José Vitorin Silva, 63 anos, aposentado e o mais antigo morador do povoado Bom Jardim, há mais de 40 anos, afirmou que não sabe como vai continuar vivendo, pois não tem mais como botar roça, pois o fogo destruiu tudo. “Só minha aposentadoria não dar para sustentar minha família. Aqui, as poucas chuvas não têm dado nem para encher o caroço do arroz plantado em Baixão. Essas terras só com mecanização para voltarem a produzir. O fogo acabou com tudo. E isto só com a ajuda do Governo. Só Deus pra nos ajudar!”, argumentou.

A igrejinha do povoado Bom Jardim virou o local de armazenamento dos donativos, que chegam de vários locai, para as famílias desabrigadas. São roupas, calçados e alimentos em geral que são acondicionados por dezenas de voluntários. “Vim ajudar quem está precisando. Soube dessa tragédia pela televisão. E vim aqui dar a minha colaboração. Faço por prazer”, disse Rosângela Cardoso Araújo, moradora de Caxias, voluntária do centro de triagem de donativos do Comando do 5º BBP, no Bairro Pirajá.

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