Categorias

Vai de mal a pior

[/caption]Por Abdon Marinho

Advogado Abdon Marinho. Advogado Abdon Marinho.

Já falei diversas vezes que minhas observações e constatações apontam que a educação no Brasil vai de mal a pior. Outro dia li em algum lugar que o aprendizado de uma criança de onze anos na China corresponde ao aprendizado de um adolescente de dezessete anos no Brasil. É uma situação caótica e que os governantes não têm mostrado muita competência e eficiência para resolver o problema.

Neste cenário de indigência de aprendizado foi divulgado, ontem o resultado do Exame Nacional do Ensino Médio, o ENEM. Os números apenas refletem o que já desconfiávamos e que o teste nos deu a comprovação.

Aqui e ali ouço pessoas falando dos avanços da educação. Fazem até proselitismo político. O que festejam?
Os números (todos sabem que não brigo eles) dizem que a melhor escola do país apresentou uma nota média inferior a 7,50, me digam essa é uma boa nota? Eu era um aluno rebelde, não daqueles que sentavam no “fundão” mas tampouco era um CDF, entretanto, já naquele tempo uma nota sete era considerada baixa. Os melhores da turma choravam se não tiravam 9 ou 10. Hoje nossa melhor escola apresenta uma média menor que 7,50. Sejamos realistas, a educação brasileira vai mal, muito mal.

No Maranhão a situação a situação melhorou. Aquela velha melhora de rabo de cavalo. Nossa melhor escola está na posição 117ª do ranking, com nota 656,959. A primeira pública (federal) aparece na posição 416ª posição com 629,802. A primeira escola da rede pública estadual aparece na 3717ª posição com a média 542,712. Por aí vai. A grande maioria das nossas escolas de ensino médio da rede pública está localizada na faixa entre 10017ª e 11226ª com média entre 452,139 e 401,132. Soltamos rojões por não encerramos a listagem do ENEM, mas sejamos francos, podemos considerar satisfatório um ensino onde a maioria dos alunos apresentam o rendimento das faixas acima? A resposta, com certeza, é não.

O meu Liceu Maranhense, de tantas histórias e de tão boas recordações e a quem muito devo, ocupa apenas a 5036ª posição com média pouco superior a 5 (exatos 517,341). Cito o Liceu não apenas por ter sido meu lar, meu da governadora (em décadas diferentes, diga-se) e de quase todas as autoridades de hoje no Maranhão, mas sobretudo por ser umas das mais importantes escolas do estado, com quase 200 anos de história, berço da educação, tanto é assim que o prédio onde está instalado datado de 1948 é uma das mais belas construções e tem o nobre nome de “Palácio da Educação”.

A nota do Liceu é, para mim, a mais emblemática. Temos a escola que já foi referência em educação no estado, que educou quase todas as autoridades, artistas, intelectuais, cientistas, numa posição tão desconfortável, bem acima, claro da média do estado, mas ainda assim, numa posição bem distante da posição onde mereceria está. Representa muito bem o desmonte que vem ocorrendo na educação maranhense nas últimas décadas. Sotero dos Reis, Nerval Lebre Santiago e tantos outros devem se contorcer nos túmulos com que aconteceu e acontece com o nosso Liceu. Nós, apaixonados por educação não temos como não nos entristecemos.

Aqui fazemos uma educação que não tem mais os méritos do passado e tão pouco alcançou os avanços tecnológicos dos dias atuais e suas projeções futuras. Há um limbo no ensino médio que ninguém ousa enfrentar.

Não duvido que o problema começa no ensino fundamental que também tem deixado a desejar. É inaceitável que um estudante da quarta série não esteja alfabetizado. É inacreditável que, diante disso ninguém faça, pelo contrário, a regra é não reprovar ninguém, é passar o problema adiante. O que interessa é dizer que o menino está em sala de aula para que não se perca os benefícios sociais. Se aprende ou não ninguém se importa.

Faltam recursos, falta incentivo aos professores? Pode ser. Mas falta também, e muito, comprometimento. Comprometimento de secretários, de professores, de funcionários, das famílias que querem passar a responsabilidade pela educação dos filhos apenas as escolas, e também dos estudantes que não valorizam mais a importância do saber, do conhecer.

Os governantes ainda não entenderam que não adianta ficar passando culpas a A ou B, que a educação é uma questão estratégica para a nação. Ninguém, mas ninguém mesmo, pode se deparar com esses números do ENEM e achar que está tudo bem. Não tem nada bem. Já passa da hora do ministro reunir com os secretários estaduais e estes com os municipais e traçarem uma estratégia comum para melhorar nossa educação.

Uma nação que se pretende ser líder mundial não pode aceitar que sua população pensante esteja tão defasada em relação ao resto do mundo.

Dizia outro dia a uma amigo: Se o Brasil continuar assim voltará a seu estágio de colônia. Ele me respondeu: E tu achas que tem alguém interessado em nos colonizar? Pois é, talvez nem isso.
Será que diante dos números temos algo a festejar?

2 thoughts on “Vai de mal a pior

  1. NESSA ABDON MARINHO VIAJOU ATÉ A CHINA. SE ELE FOSSE BEM AÍ NO CHILE QUE EM PASSADO REÇENTE ERA UMA DITADURA CANALHA,E QUE AGORA BATE DE 10 NA NOSSA EDUCAÇÃO BANCÁRIA.
    OS GESTORES DAS ESCOLAS ESTADUAIS E MUNICIPAIS SÃO DESPREPARADOS, NAS ESCOLAS FEDERAIS,COMO COLUN E IFMA OS SELETIVOS PARA PROFESSORES SÃO COM CARTAS MARCADAS….ENFIM NO MARANHÃO TEM MUITA PILANTRAGEM NA EDUCAÇÃO,E PARA FAZER DE CONTA , QUEM FISCALIZA ÊH UM MINISTÉRIO PÚBLICO VEDETAO,MIDIATICO E INOPERANTE.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *