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Rio de Janeiro: a vida sob risco ao errar o caminho

No mesmo dia, 17/10, em que o Instituto de Segurança Pública (ISP), mostra a queda em três indicadores considerados estratégicos no combate à criminalidade, nos sete primeiros meses de 2011, comparativamante ao mesmo período do ano passado, quanto ao índice de letalidade violenta- crimes correlatos- (caiu 13,2%,), de roubo de veículo ( diminuiu 15,3%,) e de roubo de rua com redução de 14,3%., com tendência contínua de queda desde 2009, o corpo de um idoso, de 74 anos, é sepultado no Rio, vítima da violência e da ousadia de narcoterroristas que continuam, de posse de armas de guerra,  a ameaçar a vida e a dignidade humana, dominando ainda inúmeros redutos, considerados ‘zonas de anomia’, onde a lei predominante é a do terror e da opressão aos moradores.
 
Valdemiro Lázaro dos Santos ia para casa, na Via Light ( Baixada Fluminense), quando o motorista do carro em que se encontrava errou o caminho e entrou no Morro do Chapadão, uma comunidade conhecida como violento reduto marginal, na localidade de Costa Barros. Foram abordados por um grupo de traficantes. No banco de trás do carro -o motorista acelerou tentando fugir-  foi alvejado pelo bando de traficantes. Logrando êxito na fuga, os dois outros ocupantes do veículo, feridos de raspão, conduziram a vítima, gravemente ferida, para o Hospital Estadual Carlos Chagas, em Marechal Hermes, onde foi operado, mas precisou ser transferido por falta de leito na UTI daquela nosocômio. Ao recorrer à justiça (parece piada) a família da vítima, quase 24 horas após a agressão à bala, conseguiu que Valdemiro fosse transferido para o Hospital Estadual Alberto Torres, em São Gonçalo. A distância percorrida entre as duas unidades foi de cerca de 50 km. Pouco tempo depois de chegar ao destino veio a falecer. O filho, indignado com a morte do pai, acusou o Estado de duplo assassinato: pela falta de segurança e pela falta de estrutura na área de saúde. Se morreu ou não pela carência de assistência médica o inquérito policial irá dizer.
 
 Dias atrás, também por errar o caminho, um policial civil foi morto na entrada no Complexo da Maré, nas proximidades da Avenida Brasil, no Rio. Walter Cardoso não resistiu ao tiro na cabeça. Ele e outro policial civil, que estavam em um carro de passeio, entraram por engano no local e foram abordados por bandidos. Houve troca de tiros. Um bandido morreu e três foram presos. Para completar o noticiário policial que confirma a ousadia extrema do banditismo , cerca de dez meliantes, fortemente armados, fizeram um arrastão no final da noite do último sábado na Rodovia Presidente Dutra, na altura de São João de Meriti, na Baixada Fluminense. Segundo testemunhas, três carros foram usados pelos criminosos para bloquear uma das pistas da rodovia. Os bandidos roubaram celulares, carteiras e um carro durante a ação. 

Este é o contexto da violência que continua, apesar do advento das UPPs e de todo o esforço de autoridades e seus agentes – vide a anunciada queda dos números do crime- atemorizando a tudo e a todos. O medo do crime é um fato real. No Rio e em sua Região Metropolitana, há locais transitáveis e não transitáveis. O Rio continua lindo, porém violento, onde as armas de guerra permanecem adentrando por nossas vulneráveis fronteiras e chegando aos morros e favelas. Por enquanto, o direito de ir e vir aqui não é pleno. Narcoterroristas continuam nos ameaçando em qualquer hora em qualquer lugar e errar o caminho pode ser um erro fatal.

 Milton Corrêa da Costa

Coronel da reserva da Polícia Militar do Rio de Janeiro

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