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Presidente do Crea deu liberação a parque que fez vítima em São Luís

Oito engenheiros do Maranhão estão sendo investigados porque assinaram autorizações técnicas para o funcionamento de um parque de diversões onde uma mulher morreu. Os repórteres do Jornal Nacional mostram que não é difícil conseguir uma dessas autorizações, mesmo sem nenhuma vistoria da obra.

O homem que se apresenta como engenheiro civil faz plantão na porta do Conselho Regional de Engenharia, em São Luís. Sem saber que está sendo gravado, ele negocia com um produtor do Jornal Nacional a venda de uma ART, Anotação de Responsabilidade Técnica.

A ART é um documento essencial para a realização de obras e ajuda a identificar o responsável que vai acompanhar a execução do trabalho. Antes mesmo de entrar no prédio do Crea, o homem garante que não precisa ir na obra.

Jornal Nacional: Mas precisa o senhor ir lá?
Wilson Chagas: Não, não. Só precisa do nome, do CPF, endereço da obra e a metragem.
Jornal Nacional: Mas aí, não dá problema não?
Wilson Chagas: Não. Aqui no Crea não.

Quando sabe que está sendo gravado, o homem muda de conversa.

Jornal Nacional: O senhor fornece ART sem ir na obra, Seu Wilson?
Wilson Chagas: Não.

Ao assistir à nossa gravação, o presidente da Associação dos Engenheiros Agrônomos reagiu: “Isso é propina. Propina”, protestou Antonio de Paula Angelim, presidente da Associação dos Engenheiros Agrônomos/MA.

Ele disse que o trabalho exige acompanhamento. “Você emitiu uma ART, você é responsável pelo aquele objetivo do começou ao fim”, explicou Antonio de Paula Angelim.

A denúncia de irregularidades na emissão de ARTs no Crea do Maranhão chegou a Polícia Federal. O caso também está sendo investigado pelo Conselho Federal de Engenharia e Agronomia. O presidente do Crea e outros sete engenheiros estão sendo investigados por terem emitidos as ARTs que permitiram a instalação de um parque de diversões em São Luís, onde uma mulher morreu.

O acidente foi no mês passado. Segundo testemunhas, ela caiu do brinquedo que tem o nome de “polvo”. Um laudo do Instituto de Criminalística revelou que o brinquedo não poderia funcionar porque tinha problemas no sistema de segurança e no sistema elétrico.

O presidente do Crea diz que não tem culpa pelo acidente no parque, mas reconhece que assinou um formulário de uma das ARTs.

Jornal Nacional: O senhor reconhece?
Cleudson Campos de Anchieta, presidente CREA/MA: Reconheço.
Jornal Nacional: É sua?
Cleudson Campos de Anchieta: É minha.
Jornal Nacional: O senhor que assinou?
Cleudson Campos de Anchieta: Isso. Para que? Para a estrutura metálica.

O Crea declarou também que desconhece a venda de ART, a Anotação de Responsabilidade Técnica, dentro do conselho. (Do JN).

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