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Polícia Federal investiga empresário ‘D’Brinco’ por esquema milionário em contratos

O empresário maranhense Eduardo Soares Viana, conhecido como “D’Brinco”, está sob investigação da Polícia Federal por suspeita de envolvimento em um esquema de desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro que envolve sua empresa, a Nutrimax LTDA.

De acordo com informações contidas no Relatório de Diligência nº 2025.0105977, assinado pelo delegado federal Ellison Cocino Correia, a empresa do empresário teria sido beneficiada por um contrato emergencial firmado com a Prefeitura de São Luís, na gestão do prefeito Eduardo Braide, e apresentado um salto de faturamento de R$ 1 milhão para quase R$ 40 milhões em menos de três anos.

A investigação teve início após uma operação da Polícia Federal realizada no dia 26 de setembro de 2025, quando agentes prenderam em flagrante dois homens identificados como Alisson Mateus Frazão Araújo e Renan Bernardo Araújo, conhecido como “Lorde”.

Eles foram detidos na porta de uma agência do Banco do Brasil, no bairro Parque Shalom, em São Luís, com R$ 250 mil em espécie. De acordo com o relatório da PF, o dinheiro havia sido sacado da conta da empresa JNUNES ALIMENTOS LTDA, criada pouco mais de um mês antes, em 12 de agosto de 2025, e utilizada como fachada para movimentações financeiras suspeitas.

A Polícia Federal identificou que a Nutrimax LTDA, registrada no bairro Recanto dos Vinhais, em São Luís, realizou transferência de R$ 335 mil para a JNUNES ALIMENTOS LTDA logo após sua abertura, o que levantou a suspeita de que os valores poderiam ter origem em contratos com o poder público.

Segundo o Relatório de Inteligência Financeira da Polícia Federal, a JNUNES ALIMENTOS movimentou R$ 3.295.742,00 em apenas 15 dias, entre 14 de agosto e 1º de setembro de 2025, sendo que parte desse montante, R$ 335 mil, teve origem na conta da Nutrimax.

Os federais apontam que essa movimentação financeira ocorreu sem justificativa comercial plausível e dentro de um período em que a Nutrimax mantinha contratos milionários com a Prefeitura de São Luís.

A PF também apurou que os sócios da JNUNES realizavam saques fracionados em espécie — de R$ 500 mil por vez —, totalizando R$ 2 milhões em quatro dias consecutivos, com o objetivo de dificultar o rastreamento da origem e do destino dos valores.

O relatório destaca ainda que a Nutrimax LTDA foi uma das principais fornecedoras do Fundo Municipal de Saúde de São Luís, no contrato nº 178/2024, celebrado em 27 de maio de 2024, cujo objeto é a “contratação emergencial de empresa especializada na prestação de serviços contínuos de nutrição e alimentação hospitalar”.

O contrato, firmado por dispensa de licitação, previa o valor global de R$ 17,9 milhões e, posteriormente, foi prorrogado por meio de um termo aditivo publicado no Diário Oficial do Município em 2025.

A investigação da PF aponta que, entre outubro de 2024 e setembro de 2025, a Nutrimax movimentou cerca de R$ 169,4 milhões em sua conta bancária, sendo que R$ 15,5 milhões vieram diretamente do Fundo Municipal de Saúde.

As transações financeiras da Nutrimax chamaram a atenção do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), que comunicou diversas operações atípicas relacionadas à empresa.

Entre as irregularidades apontadas estão movimentações de valores incompatíveis com o faturamento mensal declarado, depósitos e saques em espécie de alta frequência e operações que destoam da capacidade econômica da empresa. Esses indícios reforçaram as suspeitas da Polícia Federal de que os contratos públicos serviriam para justificar o trânsito de recursos desviados.

O caso ganhou relevância porque o salto de faturamento da Nutrimax coincide com o período em que a empresa passou a firmar contratos emergenciais com a Prefeitura de São Luís.

Em fevereiro de 2022, o faturamento era de pouco mais de R$ 1 milhão. Já em novembro de 2024, saltou para R$ 39,9 milhões. Para os investigadores, a evolução abrupta e a ausência de licitação regular levantam dúvidas sobre a real execução dos serviços contratados.

A Polícia Federal segue apurando a origem dos valores e a relação entre as empresas envolvidas, incluindo a Nutrimax LTDA e a JNUNES ALIMENTOS LTDA.

O caso acende um alerta sobre o uso de dispensas de licitação em contratos milionários e a necessidade de fiscalização rigorosa dos repasses públicos na área da saúde.

O episódio também expõe a importância de mecanismos de transparência, controle e compliance para evitar que contratações emergenciais sirvam como instrumento para desvio e lavagem de dinheiro.

Do Blog do Luís Pablo

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