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O país dos calças-curtas

Por Abdon Marinho

Abdon Marinho.
Abdon Marinho.

Será o nosso país administrado por uma cambada de pirralhos irresponsáveis e inconsequentes? A resposta a essa pergunta demanda uma série de conjecturas. Não tão pirralhos – se fossem pirralhos teríamos que creditar os desacertos a imaturidade e até a respeitar o caráter lúdico da infância –, por outro lado não temos como fugir da irresponsabilidade ou da inconsequência. Nem iremos falar nos últimos escândalos envolvendo a corrupção generalizada e uso político das empresas e recursos públicos, como o caso da Petrobras que a cada dia, a cada pequena investigação, um autêntico mar de lama aflora revelando o uso de dinheiro público por partidos, políticos, empresários sem nenhum escrúpulos e paraísos fiscais; nem falemos na nosso política econômica, que nos últimos dez anos, graças à sua heterodoxia canhestra, tem se tornado motivo de piada mundo a fora, afugentado investidores e corroído a economia que estava se solidificando, devolvendo ao país o fantasma da inflação que pensávamos ter ficado no passado de triste memória; nem falemos na nossa política externa conduzida ideologicamente, tão solidária a ditadores e tão leniente às violações dos direitos humanos nas ditaduras amigas.

Vamos falar apenas, neste momento, dos dois grandes eventos que Brasil se ofereceu para sediar e que se tornaram exemplos sintéticos dos governantes calças-curtas que passaram a administrar o o Brasil.

O resumo da história é este: Tanto a FIFA quanto o COI passaram a tutelar o país nas coisas mais elementares, não me recordo de ter visto em lugar nenhum no mundo um povo ser tão humilhado e achincalhado perante a população mundial quanto o nosso povo tem sido. O vexame é tamanho que os governantes, se tivessem um mínimo de vergonha na cara pediriam para sair.

A verdade, apesar da campanha midiatica favorável aos eventos, é que o Brasil não tem conseguido dá conta dos compromissos assumidos, o chamado legado da copa será representado pelos rombos nas contas públicas, gastou-se fortunas na construção dos estádios – e nem estes estão prontos, já ouvi até falar que alguns não atendem as exigências mínimas para receberem o “habite-se” – e nada ou quase nada nas obras de infraestrutura que o país necessita e que faziam parte do compromisso assumido.

O país teve sete anos para se preparar para a copa e até os locais da competição – nem se fale nos seus entornos –, serão entregues inacabadas, além do seus prazos limites.
A FIFA exigiu e foi atendida as condições mais humilhantes para a realização do evento que já lhe rendeu e vai lhe render alguns bilhões de dólares. Gastou o que não podia para construção de estádios em lugares onde nunca terão utilidade para o fim a que se destinavam, para nada.

O que indago é: Terá valido a pena o Brasil ter se candidatado para sediar essa copa e a olimpíada de 2016? Passar o vexame que vem passando?

Todo dia há uma cobrança da FIFA, uma “puxada de orelha”, uma piadinha, já teve até dirigente da entidade dizendo que país “merecia levar um chute no traseiro”.
É isso mesmo, viramos a nação merecedora de chutes no traseiro. Outro dia foi a vez da piadinha infame de dizer “que deixamos tudo para última hora, até os estádios. Tudo isso dito, não na solidão de um quarto ou sala, dito para o mundo inteiro. Tendo toda a população municia como testemunha. As autoridade cínica, covarde ou corruptas, fingem que não ouvem, pegam as descomposturas e fingem que não é com elas, fingem que não acontece nada. São autoridades incapazes de honrar compromissos, incompetentes a ponto de nem estádios de futebol conseguirem entregar no prazo, quando se teve mais tempo que outras nações. Já somos o país com mais mortes em obras para copa (oito, se não me falha a memória), na Africa do Sul morreram apenas dois operários, na Alemanha não morreu nenhum. Os empreiteiros que sugaram o que não podiam remanchando as obras e agora correm para conseguir cumprir os prazo ignorando a segurança dos trabalhadores e contando com a complacência das autoridades. E ainda tem gente, como o nosso Pelé, que vem fazer coro a esse tipo de absurdo e dizer que é normal que operários morram nas obras. Endoidaram.

O COI (Comitê Olímpico Internacional), acredito que vendo o que vem acontecendo com a copa do mundo, já reclamou do ritmo das obras para a olimpíada Rio 2016, já criou uma comissão de tutela para acompanhar os serviços, cobrar as providências. Não lhe tiro a razão, o exemplo da copa é inquestionável e, faltando pouco mais de dois anos para os jogos, na forma como veem trabalhando, arrisco dizer que dificilmente as elas ficarão prontas no tempo exigido. Já alertei aqui, num texto anterior, sobre o vexame olímpico que se avizinha. Querem apenas um exemplo de obra que não será entregue, não como o ideal ou minimamente desejado? A despoluição da Baia de Guanabara para os esportes náuticos. Não há como, no tempo que resta e considerando o pouco que fizeram, que façam o trabalho de despoluição a ponto de deixarem o espaço propício as modalidades esportivas. No máximo conseguirão tirar o “grosso”, talvez recolher o lixo ou cadáveres que vez ou outra aparecem por lá.

Atentem para o que vem acontecendo, os eventos que serviriam para “alavancar” a boa imagem do Brasil perante o mundo e por isso mesmo um dos motivos para justificar os investimentos que retiram recursos de áreas estratégicas, estão tendo justamente o efeito inverso. Ainda mais quando o país leva “pitos” públicos em escala mundial, serão dez anos de achincalhe, de propaganda negativa, graças a incompetência dos nossos governantes. O Brasil já aparece ao mundo com a nação dos incompetentes, da falta de profissionalismo, que não consegue sediar eventos, que consegue não controlar ou reduzir seus indicadores sociais negativos. Os dois eventos que serviriam um pouco para “limpar” nossa imagem fazem é colocar o nosso país na vitrine da pior forma possível.
Apenas para ilustrar, lembro que quando meu pai me chamava atenção por algo que fiz de errado, sempre em particular, ficava dias envergonhado, triste e na maioria das vezes sem querer comer. Tinha vergonha, não dos outros mas de mim mesmo.

O Brasil – não como uma nação soberana mas como um moleque travesso – é admoestado dia e noite por entidades privadas, repito, que lucrarão rios de dinheiro às custas das finanças públicas, é chamado atenção, é ameaçado com “chutes no traseiro”, é vítima de piadinhas infames e tal qual um moleque, é como se passasse “sabão na cara de jumento” ou seja, as autoridades não estão nem aí. Perderam totalmente a vergonha na cara. Os ministros a quem perecem o setor e a responsabilidade e das relações exteriores diante de tanta incompetência e cinismo deveriam ser postos para fora dos seus cargos, estes sim, a pontapés. E não só eles mas também a presidente da República e todos os demais responsáveis pelo vexame que o país vem atravessando e que atravessará, pelo menos, até 2016.

Se não postos para fora pela incompetência com que gerem as obras ou pelo vexame a que submetem o país, que o seja por admitir que o Brasil seja esculhambado por cidadãos que não possuem investidura de qualquer autoridade. Os dirigentes das entidades que tratam o país como uma nação de moleques.

Não me recordo, se bem que sou novo, de ver um país ser tratado por entidades privadas, como estas duas vem tratando o Brasil, pior que isso não me lembro de ter visto governos tão covardes a ponto de aceitarem essas descomposturas públicas com risonhas caras. O cidadão lá da FIFA esculhamba o Brasil e as nossas autoridades

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fazem é rir, riem como moleques vagabundos que todos os dias são presos pelas autoridades policiais e agem como se não tivesse acontecido nada.

Por todo isso que vem acontecendo nos últimos tempos é que não posso deixar de sentir vergonha. Uma profunda vergonha por toda essa submissão, incompetência e humilhação Se existir mesmos essa tal de vergonha alheia de que tanto se fala, essa é a que venho sentido do Brasil. Podemos ganhar copa, podemos até não fazer tão feio nas olimpíadas, mas nada, nada mesmo, vai suplantar a vergonha temos passado.

Abdon Marinho é advogado eleitoral.

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