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O dinheiro que escoa

Por Abdon Marinho

Advogado Abdon Marinho.
Advogado Abdon Marinho.

Li uma matéria, muito bem escrita, por sinal, dando conta dos gastos governamentais com mídia. O jornalista ‘denunciava’ que a Embratur celebrou contratos em outubro com vigência de um ano no valor de R$ 270 milhões, um valor segundo ele, jornalista umas cinco vezes o que gastará o governo do estado. Também acho elevado que se gaste tanto mídia. Neste caso, entretanto, darei um desconto por conta de outro absurdo, os gastos monumentais da copa do mundo. Os gastos absurdos que faz o governo se justificariam – vamos ver se confirma – com uma estratégia para atrair turistas para o país e diminuir um pouco a sangria dos cofres nacionais por conta do evento.

Na mesma matéria há outro dado importante sobre a questão dos gastos com mídia que é o que se aproxima mais da realidade do dia a dia, informa o texto:

“No total, em sua passagem pela Embratur – desde o início de 2011 – Dino gastou mais de R$ 321 milhões com mídia, o que equivale a pouco mais de duas vezes o total usado pelo governo maranhense no mesmo período, que chega a R$ 157,05 milhões.”

Tratam-se números monumentais. O valor de R$ 321 milhões gastos desde 2011 na promoção do país, principalmente se considerarmos que o país por diversas circunstâncias não consegue atrair turistas. Quem quer vir a um país violento desigual onde tudo é longe é a infra-estrutura aeroportuária é caótica? Quem quer vir a um país onde tudo é caro e se tornou uma prática a exploração de qualquer pessoa com um sotaque um pouco diferente do nosso? Hoje, se você se programar bem, é possível se fazer turismo no exterior com preços muito mais em conta do que dentro do nosso pais. Outro dia ouvi dizer que estava mais caro ir Natal do que ir a Miami, mais caro ir a Porto Alegre que Nova Iorque (EUA).

Os gargalos do turismo brasileiro não se resolverão sem que resolvamos os nossos problemas internos. Cada vez mais teremos brasileiros indo ao estrangeiro do que viajando pelo Brasil. Alguns até dizem que suas viagens para fora do Brasil são até lucrativas.

Como vemos, não será muito fácil fechar essa conta, ainda que gaste muito mais do que se tem gasto. É gasto, que, ainda que traga algum turista, jamais irá chegar perto de equilibrar a “conta turismo” do Brasil. Debitar essa conta no presidente da empresa é um excesso só justificável pelo açodamento eleitoral. A responsabilidade é, na verdade, dos que governam o país a mais de uma década, o consórcio PT/PMDB e seus agregados. A política de turismo é política de Estado, tanto que até temos um ministério exclusivo para cuidar do assunto.

Pois bem, como disse, acho excessivo esses gastos com a ideia de promover o país que não possui política nenhuma para setor. É o dinheiro do contribuinte que trabalha quase seis meses por ano apenas para pagar impostos.

Entretanto, a comparação que se faz com o governo do estado, dizendo que este gastou com toda sua mídia metade do que gastou a Embratur no período, me parece que depõe mais contra governo ao invés de o socorrer.

Senão vejamos.

A Embratur tem por missão, a promoção do turismo de todo o país, de todas as unidades da federação. Isso é feito internamente e também no exterior, ou seja, deve ser uma mídia que atinja

turistas de todo mundo com maior foco naqueles que tem tradição de viagens de seus habitantes – ao menos em tese é para ser assim, não é?

Por sua vez o governo do Estado do Maranhão, com seu gasto de quase R$ 160 milhões, no mesmo período, gastou pouco menos da metade do que gastou a Embratur – para vender o Brasil inteiro para todo o mundo –, para “vender” o Maranhão para os… maranhenses. São mais que R$ 52 milhões por ano, mais de R$ 4 milhões por mês para entupir a população com comerciais a cada intervalo dos horários nobres de TV’s, rádios, jornais e internet. Todos dias, todos os instantes somos convidados a conhecer o nosso estado.

Como disse, são números assombrosos. O valor gasto como mídia são suficientes, por exemplo, para a construção de quatro escolas de bom nível. O problema para os governantes é que escolas se funcionam como devem, a população deixa de acreditar nos competentes comerciais que são mostrados na mídia, que se reconheçam, nem parecem que falam do Maranhão de verdade como dizem os governantes.

Aqui pode faltar dinheiro para tudo. Saúde, educação, segurança, etc., nunca se teve noticia foi que faltou dinheiro para a propaganda.

Este é o país das prioridades invertidas. Os grandes eventos que o governo federal prometeu que não iria consumir nossos recursos e que iriam trazer os turistas para o Brasil, talvez tenham todas as arenas prontas para os jogos graças aos impostos dos contribuintes. O que não se terá são aeroportos dignos, trens que valham a pena ou ônibus e corredores de transportes à disposição dos “turistas”.

É assim que segue o Brasil e o Maranhão. Ninguém sabe é um rumo.

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