Categorias

Marqueteiro de Roseana queria receber apartamento e cavalos da Odebrecht

1

O ex-diretor da Odebrecht Hilberto Silva, que comandava o setor de propina da empresa, disse em delação premiada que o publicitário Duda Mendonça deu trabalho para receber a quantia de R$ 10 milhões. Primeiro, queria um apartamento em Salvador, no mesmo prédio do delator. Depois, queria cavalos para fazer companhia aos animais que já tem na fazenda. Por fim, o delator acabou convencendo o publicitário a receber em dinheiro mesmo. A cifra era a fatia do PMDB que tinha sido negociada para a campanha de Paulo Skaf ao governo de São Paulo. Segundo o delator, o presidente Michel Temer participou da negociação da doação.

Muito complicado atender aos anseios de Duda, ele tem uma criatividade profunda. Queria que a empresa comprasse um apartamento pra ele em Salvador, ao invés de dar o dinheiro pra ele. Ele queria ser meu vizinho lá no prédio novo na Bahia, que está sendo construído. Era um apartamento no valor aproximado ao que ele tinha direito. Eu disse que isso era impossível, que não tinha como comprar um apartamento, registrar, depois doar. Não tinha como ser implementado. Disse que eu daria o dinheiro e ele ia lá comprar o que ele quisesse — contou Hilberto Silva.

Questionado se foi difícil convencer o publicitário, o delator contou sobre os cavalos.

Ele não se convenceu, mas foi a opção que foi dada a ele. Ele queria outras coisas. Ele queria mil outras coisas. Queria comprar cavalo, queria tudo. Eu disse que a empresa pagaria a ele e ele podia comprar os cavalos dele. E Duda tem uma fazenda com belos cavalos de corrida, de vaquejada. Então, aí não foi nada feito. Foi combinada a forma de pagar. Como ele estava sendo muito difícil ele colocou o filho dele para negociar com o Fernando (Migliaccio, da Odebrecht) as formas de pagamento e tudo foi feito — declarou.

Segundo Hilberto Silva, primeiro foram pagos R$ 6 milhões, em troca do trabalho de publicidade feito na campanha de Skaf. Em seguida, o candidato teria cobrado de Marcelo Odebrecht, dono da empresa, o restante do valor prometido. Segundo Hilberto, Marcelo estava resistente em pagar o restante, porque teria percebido que Skaf seria derrotado nas urnas. Mas depois acabou cedendo, em nome do PMDB, que tinha negociado o valor. Segundo o delator, o dinheiro foi todo pago a Duda Mendonça.

— Desde o início, Duda tinha pedido 10 (milhões). Foi dado 6 (milhões), houve uma insistência e o Marcelo cedeu. A sensação que eu fiquei é que o Marcelo não queria dar os 10 no início, ele tinha a sensação de que o doutor Paulo não tinha chance de ganhar mesmo. Mas, com a insistência… E aí você não vê só pessoas, você ve o partido né? — declarou Hilberto.

Hilberto mostrou e-mail encaminhado por Marcelo em que o dono da Odebrecht afirma que o dinheiro era mesmo para ser encaminhado a Duda, e pedido por Michel Temer. O dinheiro teria sido pago pelo “mesmo caminho de sempre”: por meio de offshore, com dólares transferidos para a conta de alguém no exterior que entregou reais no Brasil a Duda.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *