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Maranhão deve transferir chefes de quadrilha para penitenciárias federais

Choque invade Pedrinhas

Em meio a grave crise de segurança, o governo do Maranhão aceitou transferir os chefes de facções criminosas para penitenciárias federais de segurança máxima.

Assustados, motoristas e cobradores pararam pelo terceiro dia consecutivo para pedir mais segurança de madrugada. Segundo o sindicato, apenas 30% dos ônibus estão circulando.

Entre sexta-feira e sábado, quatro ônibus foram incendiados e duas delegacias e um posto da polícia foram atacados em São Luis. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, as ordens para os ataques partiram de dentro do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, que está ocupado pela Polícia Militar e pela Força Nacional de Segurança.

Quinze pessoas foram presas suspeitas de participarem dos atentados. Entre elas, o homem que, segundo a polícia, jogou combustível e ateou fogo em cinco pessoas em um ônibus. Ele está com parte do rosto e um dos braços queimados.

Quatro vítimas do ataque estão internadas, duas em estado grave. A quinta vítima, a menina Ana Clara, de seis anos, morreu nesta segunda-feira. No velório, a família estava inconformada com tamanha brutalidade.

A governadora Roseana Sarney divulgou nota se solidarizando com a morte de Ana Clara e chamou de selvageria a ação dos criminosos.

Nesta noite, a Tropa de Choque fez mais uma vistoria na penitenciária de Pedrinhas. O comando da PM ficou surpreso com o que encontrou, apesar das revistas constantes que vêm ocorrendo há uma semana. Nas celas, segundo a PM, havia munição, celulares, dois aparelhos de DVD e seis televisores.

O governo do estado anunciou que vai aceitar a ajuda do Ministério da Justiça, que ofereceu 25 vagas em presídios federais de segurança máxima para os chefes das facções criminosas que estão em Pedrinhas. A Secretaria de Segurança, por questões estratégicas, não divulgou quantos serão transferidos.

A governadora do Maranhão está em delicada situação, já que o governo federal está determinando a política de segurança.

Até a situação ficar insustentável, a governadora Roseana Sarney, do PMDB, se mostrava mais preocupada em refutar as críticas, de olho nos adversários da eleição de outubro, do que em encarar a gravidade do problema.

Foi preciso lembrar a ela que o desgaste político será ainda maior se o Supremo Tribunal Federal aceitar um eventual pedido de intervenção no estado feito pelo procurador-geral da República.

A conta ainda não foi fechada, mas o Ministério da Justiça estima em dezenas o número de detentos que serão transferidos para presídios federais. “O Governo Federal fez esse oferecimento ao governo do estado, a governadora aceitou muito bem esse oferecimento, nos mandou estudar a necessidade de fazer essa transferência e a quantidade. É isso que nós estamos fazendo nesse momento”, afirma Aluísio Mendes, secretário de Segurança Pública/MA.

Roseana está no segundo mandato consecutivo e não pode disputar um terceiro, mas o clã Sarney, aliado de primeira hora das gestões Lula e Dilma, há meio século no poder no Maranhão, terá um representante na sucessão de Roseana. Representante que vai enfrentar Flávio Dino, do PC do B, presidente da Embratur, e líder nas pesquisas.

A situação é ruim para Roseana, reprovada hoje por quase metade do eleitorado, mas é delicada também para o governo Dilma, porque o PT ainda está dividido sobre abandonar ou não o clã Sarney. Uma intervenção federal no estado seria algo muito mais custoso, sob todos os aspectos, do que o envio da Força Nacional e a remoção de presos.

Jornal da Globo;

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