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Um dos maiores desafios das grandes cidades brasileiras tem sido a procura por soluções que garantam melhorias da mobilidade urbana. Apesar de o sistema de transporte público ser apontado como prioridade nessa questão – já que a maior parte da população depende dele – melhorar as condições para a circulação de meios de transporte individuais se apresenta como uma tarefa essencial.
Na capital maranhense, por exemplo, o aumento da frota de automóveis e motociletas é evidente ao longo dos últimos anos. Em 2014, entre janeiro e junho, já foram cadastradas 35.821 motocicletas novas. Isso representa 52,49% do total de veículos novos em circulação em São Luís. Em relação aos automóveis, o número é quase a metade: nos seis primeiros meses do ano, foram registrados 16.088 novos automóveis.

Com as vias cada vez mais cheias de veículos, surgem as reclamações quanto à lentidão do trânsito e a demanda por mais infraestrutura nas diversas vias que cortam a cidade. Além dos motoristas e motociclistas, aqueles que utilizam a bicicleta como principal meio de transporte também lidam com os problemas estruturais. Segundo dados da Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (SMTT), São Luís possui cerca de 13 quilômetros de ciclovias ou ciclofaixas.
A reportagem do Imirante.com falou com três pessoas que enfrentam diariamente o transito de São Luís para chegar ao trabalho. Todos eles têm em comum o fato de morar na região do Cohatrac e trabalhar no Centro da cidade, mas utilizam veículos diferentes para chegar até lá. Um vai de carro, outro de motocicleta e o outro se locomove por bicicleta. Cada um deles falou sobre sua rotina no trânsito, destacando as vantagens e desvantagens dos meios de transporte adotados.
Entre a rotina, o congestionamento e o stress
Morador do bairro do Cohatrac, o funcionário público Hemetério Pereira viveu na pele as transformações pelas quais o trânsito de São Luís passou nos últimos anos. Desde 2002, ele vai de carro para sua repartição, localizada no Centro da cidade. “O congestionamento aumentou muito, tem muito mais carros na rua”, diz. O funcionário público reclama do stress e dos atrasos ocasionados pelos engarrafamentos diários.
Para Hemetério, que sempre percorre as avenidas Jerônimo de Albuquerque, Daniel de la Touche, Franceses e Getúlio Vargas no caminho entre sua casa e o trabalho, o principal problema do trânsito é a falta de opções de escoamento e os buracos, que acabam contribuindo para aumentar os congestionamentos. O funcionário público sai de casa às 6h20, conseguindo chegar ao seu destino em 40 minutos. Já a volta, segundo ele, é bastante complicada. Terminando o expediente às 17h, Hemetério chega a demorar cerca de uma hora e quarenta minutos para chegar em casa.
Ele acrescenta, ainda, que motoristas imprudentes contribuem para piorar a situação, pondo em risco a segurança de todos. Hemetério destaca que é preciso ser prudente e respeitar sempre os pedestres e os demais veículos.
Contra o tempo e…os engarrafamentos

Cruzar a cidade de carro pode ser um tormento diário para vários. Mesmo saindo mais cedo, a quantidade de veículos chega a impedir uma viagem mais tranquila para os condutores. Quem opta por utilizar uma moto para chegar ao seu destino, acaba cruzando a cidade de uma forma mais rápida e, assim, evitar transtornos. Como conta Leonardo Jorge Araújo, de 35 anos. “Consigo chegar em 30 minutos”, disse sobre o mesmo percurso feito pelo motorista Hemetério Pereira.
Em meia hora, o motociclista consegue fazer um percurso que, para muitos, chega a ser bastante longo. Porém, para realizar tal “façanha”, Leonardo conta que é preciso fazer sacrifícios, como acordar mais cedo. “Se eu sair em torno das 7h, consigo fazer o percurso em 30 minutos. Se eu deixar para sair depois disso, o trânsito é bem mais intenso”, acrescentou ele ao afirmar que, neste caso, o mesmo percurso aumenta, ficando entre 45 minutos e 1 hora.
“As pessoas esquecem que fazem parte do tráfego de São Luís e acabam todos saindo na mesma hora”, desabafa Leonardo que dirige moto há cinco anos e diz conhecer as “artimanhas” da capital maranhense. Segundo ele, ao retornar do trabalho, acaba saindo às 17h. Quando sai mais tarde, às 18h, ele utiliza as vias alternativas dos bairros para fugir dos enormes engarrafamentos.
Entre os trechos escolhidos por ele para fugir do trânsito difícil de São Luís, estão a Avenida Litorânea e ruas dos bairros do Monte Castelo e Cohatrac. “Utilizo bastante as vias alternativas para fugir do trânsito. Por que, por lá, [o trânsito] é mais folgado”, finalizou.
Opção mais barata e sustentável
Nem bem amanhece e o professor Irinaldo Lopes já inicia sua jornada diária, partindo para o trabalho na companhia de sua bicicleta. Sempre entre as 5h30 e 6h, ele sai da casa dos pais no Cohatrac ou de seu apartamento no Turu e segue até a Rua Rio Branco, no Centro, onde fica a escola em que exerce função de diretor-adjunto. “As pessoas esperam que eu vá de carro, ainda mais que ocupo um cargo de direção”, comenta, criticando o status que o carro representa para muita gente.

Meio de transporte barato e sustentável, as bicicletas têm seu uso regulamentado pelo Código de Trânsito Brasileiro, que determina uma distância mínima de 1,5 m dos veículos motorizados, além de obrigar ciclistas a se manterem na lateral direita das vias quando não houver ciclofaixa ou acostamento, tendo eles preferência sobre veículos automotores. “Mas alguns trechos no meu percurso oferecem risco no compartilhamento com automóveis”, ressalta Irinaldo. Entre os fatores que aumentam os riscos, ele menciona a ausência de ciclovias, os motoristas que não respeitam a distância mínima e a existência de buracos, lixo e lama nas bordas laterais das vias.
Os 13 quilômetros de ciclovias informados pela SMTT são distribuídos em apenas três locais: a Av. Litorânea, o bairro do São Raimundo e a Av. São Luís Rei de França, por onde passa Irinaldo em um de seus trajetos a caminho do Centro da cidade. Segundo o ciclista, esse espaço já se encontra bastante deteriorado. Sobre a quantidade de vias destinadas à circulação de bicicletas, a SMTT disse, por meio de nota, que a construção de uma outra ciclovia está prevista no projeto do “Novo Corredor de Transporte”, ligando o bairro do São Francisco à Cohab.
Irinaldo destaca que os ônibus, por exemplo, têm vantagens sobre as bicicletas, sobretudo no que diz respeito à quantidade de pessoas que transporta. No entanto, ressalta que a bicicleta proporciona mais autonomia, além da fuga dos congestionamentos. Ele revela que sempre leva em torno de 40 minutos para completar seu percurso tanto de ida como de volta, mesmo em horários de pico.
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